A Jornada das Canalizações de Elias
Tudo começou nos anos 90, num mundo em ebulição. Enquanto a internet nascia e o materialismo dominava, uma semente silenciosa brotava. Mary Elizabeth Morris, uma mulher comum do Arizona, buscava paz para sua ansiedade crônica. Em 1993, durante uma meditação profunda em seu apartamento modesto, algo inesperado aconteceu: palavras claras e impessoais começaram a fluir em sua mente, como um rio de sabedoria antiga. Sem treino espiritual ou ambição, ela simplesmente registrou em cadernos escolares o que ouvia. Essas mensagens identificavam-se como "Elias" – não um profeta do passado, mas uma consciência coletiva que falava sobre a prisão das crenças humanas e uma iminente Grande Mudança planetária. Por 23 anos, Mary dedicou-se a transcrever meticulosamente mais de 1.200 sessões, distribuindo-as gratuitamente pela internet nascente. Seu "Projeto Elias" era um ato de fé: "Isto não é meu", dizia, "pertence à humanidade".
Paralelamente, do outro lado do país, um professor cético da Universidade de Nova York vivia sua própria revolução. Paul Selig, homem urbano e cético, passara por uma experiência traumática em 1987: perdera a visão temporariamente, num evento que chamaria depois de "iniciação involuntária". Mas foi em 2009, caminhando pelo Central Park, que sua vida mudou para sempre. Vozes múltiplas – claras como sinos – ecoaram em sua mente: "Nós somos o pensamento corrigido". Entre elas, destacava-se a mesma energia que Mary registrava: Elias. Diferente do tom metódico de Mary, as canalizações de Paul eram dramáticas: seu corpo tremia, sua voz mudava de timbre, e conceitos como "Você é a Palavra" e "Cocriação Consciente" surgiam com força poética. Seu primeiro livro, "Eu Sou a Palavra" (2010), tornou-se um fenômeno global, traduzido para 15 idiomas e levando as mensagens de Elias às massas.
O que unia essas duas experiências tão distintas? Primeiro, a simplicidade do método: ambos descreviam o processo como "sintonizar uma frequência" – como ajustar um rádio interno. Segundo, o cerne da mensagem: um alerta urgente de que a humanidade estava num ponto crítico, presa em redes invisíveis de medo e separatividade, e que cada pessoa podia libertar-se através do autoconhecimento radical. Mary focava nos mecanismos psicológicos das crenças; Paul na força criadora da consciência. Juntos, formavam as duas asas de um mesmo pássaro.
Nas décadas seguintes, a semente plantada por esses pioneiros espalhou-se pelo mundo. Nos círculos alternativos de São Francisco e Seattle, grupos estudavam as transcrições de Mary, debatendo conceitos como "focos de consciência" (tipos de almas) e "realidade consensual". No Brasil, centros espíritas abraçaram Elias como um "reformador de consciências", adaptando suas técnicas à prática de passes energéticos. Na Europa, terapeutas começaram a usar seus princípios para tratar síndrome de burnout, ensinando exercícios de três minutos para romper padrões mentais tóxicos.
A virada decisiva veio com a era digital. Transcrições do Elias Project foram digitalizadas e viralizaram em fóruns espirituais. Paul Selig iniciou transmissões ao vivo pela internet, onde milhares testemunhavam sua voz mudando durante as canalizações. Cientistas do Instituto Monroe começaram a estudar as ondas cerebrais de canalizadores, encontrando padrões semelhantes aos de meditadores avançados. O movimento ganhava corpo: surgiram retiros na Catalunha focados na "desprogramação eliana", workshops no México sobre "cocriação prática", e até uma rede de terapeutas brasileiros combinando suas técnicas com constelação familiar.
Por trás dessa expansão estava uma mensagem revolucionária para nosso tempo: "Você não precisa de intermediários para acessar o divino". Elias não prometia milagres externos, mas desvendava o milagre interno: "A chave está em vosso peito". Seu apelo democrático ressoava numa era de desencanto com instituições. Seus termos – "vibração", "campo quântico", "observador consciente" – criavam pontes entre espiritualidade e ciência. Suas técnicas práticas, como o exercício diário de questionar pensamentos ("Isto é meu ou é uma crença herdada?"), adaptavam-se à vida acelerada do século XXI.
Hoje, as canalizações de Elias transcendem seus pioneiros. Jovens canalizadores surgem nas periferias de Bogotá, nos subúrbios de Tóquio, nas tribos urbanas de Berlim – cada um trazendo nuances culturais à mesma sabedoria essencial. Seu legado não é uma doutrina, mas um convite à soberania espiritual: qualquer pessoa, em qualquer lugar, pode silenciar o ruído mental e acessar essa voz interior que lembra quem somos além das máscaras. Como ecoou na última transcrição de Mary Morris em 2016: "Não viemos salvar. Viemos acordar o gigante adormecido em cada coração humano". A jornada continua – e seu próximo capítulo é escrito por todos que ousam praticar a pergunta mais radical: "E se eu for maior do que penso ser?".
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